Dener Giovanini
09 dezembro 2014 | 14:22
Ao
contrário do que se propõem, canais da TV paga como o Discovery
Channel, NatGeo e Animal Planet, entre tantos outros, se transformaram
num circo dos horrores e fonte inesgotável de deseducação ambiental. A
desesperada busca de audiência transformaram essas emissoras num
permanente palanque de bizarrices e desrespeito à biodiversidade, em
especial aos animais.
Casos como o do apresentador Paul
Rosolie, que na semana passada se deixaria “engolir” por uma serpente no
programa “Eaten alive” da Discovery Channel, tem se tornado cada vez
mais comum.
Basta sintonizar qualquer um desses
“canais de natureza” para se deparar com apresentadores caçando animais,
destroçando-os com seus dentes e imobilizando-os de forma bruta e
desrespeitosa.
Tais cenas são mostradas para enaltecer a
coragem e a destreza dos apresentadores. Nada mais falso. Na maioria
das vezes, os animais que são vítimas da barbárie televisiva são levados
aos sets de filmagem exatamente para esse fim. Ou alguém acredita que
se mobiliza uma equipe inteira de filmagem – muito cara por sinal – para
se aventurar na mata e torcer para que de uma hora para outra algum
bicho surja do nada? Esse crime, além de desprezível é, portanto,
premeditado.
O Brasil, que tem cada vez mais
contribuído com produções nacionais para abastecer a programação desses
açougues televisivos, segue no mesmo caminho da desinformação e da
exibição ofensiva da degradação ambiental. Degradação essa que reflete a
pequenez da responsabilidade e humanidade dos apresentadores e
produtores desses atentados à biodiversidade.
A Discovery Channel, o NatGeo e seus
congêneres devem explicações à sociedade brasileira e, principalmente,
aos órgãos de controle e fiscalização ambiental, que parecem estarem
cegos diante do que vem sendo mostrado na televisão. Se cegos – no caso,
incompetentes – não estiverem, conviventes estarão. No mínimo.
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