domingo, 29 de março de 2015

Reserva apresenta laços entre Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga

Em 29 de março de 2015 às 13:50

Do Redeeconews.com no Nordeste

Abelha-azul na Rebio Guaribas. Foto: LSoares/Redeeconews.com
Numa paisagem dominada por vastos canaviais, três áreas descontínuas de Mata Atlântica despontam como sinais de sobrevivência da floresta a aproximadamente 50 quilômetros da capital paraibana, João Pessoa: elas formam a Reserva Biológica Guaribas, administrada pelo Instituto Chico Mendes para Conservação e Biodiversidade (ICMBio).  Duas dessas áreas estão localizadas no Município de Mamanguape (PB). A terceira, separada das demais pela BR-101, é praticamente envolvida pela zona urbana de Rio Tinto (PB).  Juntas, somam 4.028 hectares.

O desmatamento e a caça provocaram o desaparecimento de algumas espécies na região,  como porcos-do-mato, veados, anta, primatas e grandes carnívoros, entre eles as onças.
 
Guariba-de-mãos-ruivas
A Rebio Guaribas abriga centenas de espécies vegetais e animais, muitas incluídas na lista de espécies brasileiras ameaçadas de extinção. Uma delas, o guaribas-de-mãos-ruivas (Allouata belzebul) inspirou o nome da reserva. Eles são raros no Nordeste, até mesmo nesse recorte preservado do bioma. E foi pura sorte a equipe do Redeeconews.com conseguir gravar imagens de um pequeno grupo desses primatas nas copas das árvores, após uma longa trilha (clique aqui para acessar vídeo).

Outra raridade, fotografada só a grande distância pela nossa equipe,  foi um único inseto reluzente, de cor verde-azulada, visitando flores por um breve instante. Pela foto, o analista ambiental do ICMBio, Afonso Leal, identificou de imediato como sendo uma abelha (Ordem Hymenoptera, superfamília Apoidea), “por causa das pernas posteriores dilatadas e o aparelho bucal longo”. Ele enviou a foto ao entomólogo Celso Feitosa Martins, professor da Universidade Federal da Paraíba, que confirmou a informação. Martins acrescentou que a abelha pertence à tribo Euglossini. As espécies dessa tribo estão entre as mais importantes pelo trabalho de polinização de muitas espécies nativas de florestas tropicais. São conhecidas como “abelhas das orquídeas”, porque os machos apresentam uma íntima relação com as flores de um grande número de espécies da família Orchidaceae.

Cerrado e Caatinga na Mata

Coroa-de-frade
Quem entra na reserva pela primeira vez se surpreende. A vegetação própria da Mata Atlântica mostra forte ligação com formações da Caatinga, a vegetação típica do semiárido, ou do Cerrado, encontrando-se espécies como Melocactus depressus (uma das espécies de coroa-de-frade) Acacia (Acácia), Anadenanthera (Angico-do-cerrado), Croton (Sangra d’água), Spondias (cajá), Hymenaea courbaril (Jatobá), Tabebuia avellanedae (Pau d’árco roxo), entre outras.

Foto: LSoares/Redeeconews.com
Nas três áreas e seu entorno, a vegetação é constituída por formações secundárias florestais e savânicas, áreas de tensão ecológica existentes nos contatos entre essas duas formações e sistemas secundários ou antrópicos, aqueles modificados pela intervenção humana.

O relevo também chama a atenção. Predominam planícies fluviais e marinhas - com grande acúmulo de sedimentos de origem marinha, fluvial e lacustre - e os tabuleiros costeiros, que possuem uma cobertura arenosa branca com aproximadamente um metro de espessura, encobrindo sedimentos areno-argilosos. De acordo com o Plano de Manejo da reserva, o Cerrado encontrado nos tabuleiros reforça a hipótese dessas áreas serem remanescentes de uma distribuição mais ampla e antiga dos domínios dos Cerrados.

Na região chove entre 1.750 e 2.000 milímetros anuais. A estiagem dura geralmente entre dois e três meses, de outubro a dezembro. A evapotranspiração é elevada, com temperaturas que variam de 24 °C a 36 °C.

Pesquisas - Várias pesquisas importantes são realizadas com a participação da equipe da Rebio Guaribas. Uma delas, em andamento, faz parte do Projeto Malha, em parceria com a

Mangaba
Universidade Federal de Lavras (MG), que abriga o Centro Brasileiro de Ecologia de Estradas, coordenado pelo professor Alex Bager. Os pesquisadores estão coletando dados sobre atropelamentos de fauna nas rodovias do entorno.

"Há também interação com universidades federais e estaduais do Rio do Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba, entre outras. Em um dos trabalhos, pesquisadores da UFPB e da Fiocruz realizam expedições num estudo sobre Leishmania e Tripanossoma na Mata Atlântica. Há ainda pesquisas com insetívoras (Drosera) e um importante trabalho com ecologia de pequenos mamíferos, que irá estudar como essa fauna se comporta entre a reserva biológica e o canavial", disse o chefe da Rebio, Getúlio Freitas.

Espécies – Atualmente, os analistas ambientais do ICMBio estão fazendo um novo levantamento das espécies da Rebio Guaribas, juntamente com profissionais de várias instituições que desenvolvem ou desenvolveram pesquisas de mestrado e doutorado nas três áreas da reserva.

Mas o levantamento original dá uma dimensão da importância da área preservada:  espécies como Manilkara salzmanii (Massaranduba), Tabebuia spp. (Pau d’arco), Apuleia leiocarpa (Jitaí-amarelo), Bowdichia virgilioides (Sucupira), Brosimum discolor (Quiri), Ficus sp. (Gameleira), Cariniana legalis (Jequitibá Rosa) e Lecythis luschnathii (Sucupira) destacam-se pelo elevado porte dos indivíduos com que são frequentemente encontrados no interior da floresta.

Entre as espécies mais importantes em densidade destacam-se Ocotea bracteosa (Louro), Caesalpinia echinata (Pau Brasil), Protium heptaphyllum (Amescuaba/Amesclão), P. spruceanum (Amescla de resina, cheiro) e Inga blanchetiana (Ingá caixão).

Vegetação na área de tabuleiro Foto: LSoares
No sub-bosque, predominam Piper arboreum e P. caldense (ambas, Pimenta-de-macaco), enquanto que no estrato herbáceo-arbustivo, Heliconia acuminata (Flor-papagaio) e H. hirsuta (Três hastes), além de várias espécies de Pteridophytas.

Das espécies arbóreas e arbustivas mais abundantes, destacam-se Anacardium occidentale (caju), Byrsonima sp (murici), Curatella americana (Caju bravo), Hancornia speciosa (Mangabeira) e Ouratea hexasperma (Bate butá).

Histórico
Rebio Guaribas Foto: LSoares/Redeeconews.com
O documento que define o plano de manejo da Rebio Guaribas relata que, nos séculos XVI e XVII, o litoral paraibano foi alvo da introdução do cultivo da cana-de-açúcar, especialmente nas várzeas dos rios Paraíba, Mamanguape, Una Miriri, Camaratuba e Gramane.  Os rios Camaratuba e Mamanguape são os mais próximos à Rebio Guaribas e estão diretamente relacionados às comunidades do entorno da reserva.

O solo e o clima favoráveis fizeram com que a indústria canavieira se desenvolvesse no litoral paraibano, desencadeando o surgimento dos primeiros engenhos. Do século XVI até o século XX, processos contínuos de expulsão do agricultor tradicional descapitalizado e dos grupos indígenas ocorreram à medida que a monocultura da cana-de-açúcar ia sendo estabelecida. Ainda assim, conviviam no mesmo espaço agrário os grandes monocultores, os pequenos e dependentes agricultores e os índios  Potiguara.

No século XX, os conflitos relativos ao uso do espaço e dos recursos ambientais tornaram-se mais acirrados.

No início da década de 1960, o modelo colonizador já havia destruído grande parte da Mata Atlântica em favor da plantação da cana-de-açúcar, mas o cultivo se limitava às várzeas de solos aluviais e algumas encostas do tabuleiro. Nessa época, apenas cinco usinas dominavam todo o cenário do litoral paraibano.

Os solos pobres e arenosos da região, na visão da época, garantiam a presença de muitas lavouras de subsistência e de extratos de Mata Atlântica, já que os mesmos não eram aproveitados pelos produtores da cana.

Proálcool e pressões
Um novo impacto na região ocorreu em 1975, com a criação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), lançado com o objetivo de conter gastos com a importação de petróleo. O governo federal ofereceu créditos subsidiados aos produtores de cana-de-açúcar e desencadeou um novo ciclo de ocupação das terras anteriormente destinadas à pequena agricultura, ocupação indígena e áreas de vegetação natural, provocando alterações na dinâmica e na organização do espaço rural da porção oriental do Estado da Paraíba.

Somente em janeiro de 1990 foi oficialmente criada a Reserva Biológica Guaribas. O processo de implantação se iniciou com a transferência definitiva das terras que anteriormente constituíam reservas legais de assentamentos do INCRA nos municípios de Mamanguape e Rio Tinto para a Secretaria de Meio Ambiente (SEMA).

Projeto prevê interligar áreas 1 e 2
Os três fragmentos que formam a Rebio Guaribas são denominados Sema 1, 2 e 3 (alusão à antiga Secretaria Especial de Meio Ambiente, que antecedeu o Ministério do Meio Ambiente).

Atualmente, existe a expectativa de interligar as áreas de reserva em Mamanguape (Sema 1 e 2), para ampliar as condições de sobrevivência das espécies, ameaçadas pela fragmentação causada por rodovias (BR-101 e rodovias estaduais), cultivos agrícolas e atividades industriais.

Apesar da fiscalização, outras ameaças também persistem: a caça, a retirada de madeira e alguns incêndios na mata.  Uma pequena equipe de brigadistas trabalha para proteger as plantas e os animais. Eles dizem que as investidas diminuíram, mas reconhecem que ainda falta muito para acabar.

Fonte


sábado, 28 de março de 2015

Ao contrário do prometido, transgênicos trouxeram aumento do uso de agrotóxicos

25/mar/2015, 11h44min

Da esquerda para a direita, Paulo Brack, Marijane Lisboa e Leonardo Melgarejo: Além dos problemas de contaminação, advertiram pesquisadores, há vários outros que não são do conhecimento da sociedade. Entre eles, está o fenômeno do aumento da resistência de certas bactérias a antibióticos e o surgimento de novas pragas, o que leva ao desenvolvimento de novos tipo de transgênicos. (Divulgação)
Da esquerda para a direita, Paulo Brack, Marijane Lisboa e Leonardo Melgarejo: Além dos problemas de contaminação, advertiram pesquisadores, há vários outros que não são do conhecimento da sociedade. Entre eles, está o fenômeno do aumento da resistência de certas bactérias a antibióticos e o surgimento de novas pragas, o que leva ao desenvolvimento de novos tipo de transgênicos. (Divulgação)

Marco Weissheimer

Quando iniciou o debate sobre a utilização de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) na agricultura, uma das principais promessas feitas por seus defensores era que o cultivo de transgênicos, entre outros benefícios, traria uma diminuição do uso de agrotóxicos, em função do desenvolvimento de plantas resistentes a pragas. Passadas cerca de duas décadas, o que se viu no Brasil foi exatamente o contrário. A crescente liberação do plantio de variedades transgênicas de soja, milho e outros cultivos trouxe não uma diminuição, mas um aumento da utilização de agrotóxicos. Mais grave ainda: vem provocando o surgimento de novas pragas mais resistentes aos venenos, que demandam o desenvolvimento de novos venenos, numa espiral que parece não ter fim e que vem sendo construída sem os estudos de impacto ambiental necessários.
 
Esse foi um dos alertas feitos no painel “10 anos da Lei de Biossegurança e os Transgênicos no Brasil”, realizado terça-feira (24) à noite, no auditório da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Promovido pela Agapan, InGá Estudos Ambientais, Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente (MoGDeMA) e GVC – Projeto de Extensão da Biologia da UFRGS, o encontro, além de atualizar a situação da Lei de Biossegurança e da transgenia no Brasil, prestou uma homenagem à pesquisadora Magda Zanoni, recentemente falecida, que foi uma das principais pesquisadoras no campo da reforma agrária e da agricultura familiar no país, e uma crítica do uso de organismos transgênicos na agricultura como uma solução para os problemas da alimentação no mundo.
 
Situação da Biossegurança no país piorou, diz pesquisadora
O painel reuniu a doutora em Ciências Sociais, Marijane Lisboa, professora da PUC-SP, e o engenheiro agrônomo Leonardo Melgarejo, integrante da Agapan. Marijane Lisboa fez um balanço dos dez anos da Lei de Biossegurança, lembrando que essa é, na verdade, a segunda legislação sobre esse tema no Brasil. A primeira lei, de 1995, assinalou, era melhor que a atual pois tinha uma regra que submetia as decisões da Coordenação-Geral da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) ao parecer de órgãos ambientais e da área da saúde. “Essa cláusula permitiu, por exemplo, ingressarmos na justiça contra a liberação da primeira variedade de soja transgênica no Brasil. Isso, ao menos, atrasou a liberação dos transgênicos no país”, assinalou a pesquisadora. Mas essa lei tinha uma desvantagem em relação à atual: durante a sua vigência, as reuniões da CTNBio eram fechadas para a sociedade.
 
O atraso na liberação das primeiras variedades transgênicas não impediu, porém que elas começassem a ser plantadas de forma ilegal no país. O Rio Grande do Sul foi um Estado pioneiro nessa ilegalidade, com o plantio da chamada soja Maradona, contrabandeada da Argentina. Marijane Lisboa trabalhou no Ministério do Meio Ambiente, quando Marina Silva, era ministra, e vivenciou diretamente todo o lobby da indústria dos transgênicos e de seus braços parlamentares para a liberação do plantio. “A pressão política foi muito forte e a soja transgênica acabou sendo liberada, no governo Lula, por Medida Provisória. Quando o governo enviou a MP para o Congresso, a bancada ruralista anunciou que pretendia fazer uma emenda para ampliar a liberação e torná-la permanente. Seguiu-se uma negociação que acabou dando origem à nova Lei de Biossegurança”, relatou.

“Para construir uma ponte, precisa estudo de impacto ambiental. Para liberar transgênico, não”
Uma das principais disputas travadas na época se deu em torno da vinculação ou não dos pareceres da CTNBio à avaliação dos órgãos ambientais. “Nós defendíamos essa vinculação, mas, infelizmente, o então ministro Aldo Rebelo decidiu pela posição contrária. O que os cientistas decidissem na CTNBio seria a palavra final, o que deu origem à uma lei muito pior que a anterior. “Não é possível que, para construir uma ponte, seja preciso ter um estudo de impacto ambiental, e para liberar um produto transgênico para o consumo humano não exista a mesma exigência”, criticou a professora da PUC-SP. “Hoje”, acrescentou, “os integrantes da CTNBio são escolhidos diretamente pelo ministro da Ciência e Tecnologia. Nós temos cinco representantes da sociedade civil, mas eles devem ser doutores e representam uma posição minoritária. Os lobistas da indústria dos transgênicos assistem às reuniões para ver como os cientistas estão se comportando. Essa é a CTNBio hoje. Ela foi sendo adaptada para liberar tudo”.

Na mesma direção, Leonardo Melgarejo criticou o atual modo de funcionamento da CTNBio, observando que os integrantes da comissão aprovam a liberação de transgênicos com base em uma bibliografia totalmente favorável a essa posição, composta em sua maioria por artigos não publicados em revistas indexadas. Para enfrentar essa situação, um grupo de pesquisadores está preparando um livro com 700 artigos de cientistas que fazem um contraponto a esse suposto consenso favorável à liberação do plantio e consumo dos transgênicos. Esse livro incluirá artigos publicados já nos primeiros meses de 2015 que contestam esse suposto consenso. Um deles, “No scientific consensus on GMO safety”, de autoria de um grupo de cientistas da European Network of Scientists for Social and Environmental Responsibility, denuncia a fragilidade de evidências científicas para sustentar tal consenso.
 
“Hoje, não dá para dissociar agrotóxicos de transgênicos”
Melgarejo chamou a atenção para o fato de que não é possível, hoje, dissociar agrotóxicos de transgênicos. “Quando alguém sente cheiro de veneno já está sendo envenenado”, resumiu. Além dos problemas de contaminação, advertiu, há vários outros que não são do conhecimento da sociedade. Entre eles, está o fenômeno do aumento da resistência de certas bactérias a antibióticos e o surgimento de novas pragas, o que leva ao desenvolvimento de novos tipo de transgênicos. A França, relatou ainda o engenheiro agrônomo, proibiu ontem (23) o cultivo do milho geneticamente modificado MON 810. Melgarejo advertiu também para os riscos da aprovação no Brasil do agrotóxico 2,4 D, muito mais tóxico que o glifosato, e do projeto de lei do deputado federal Luis Carlos Heinze (PP-RS), propondo o fim da rotulagem dos transgênicos.
 
O biólogo Paulo Brack, do InGá Estudos Ambientais, também criticou o modo de funcionamento atual da Comissão Nacional de Biossegurança. “A situação da CTNBio passou dos limites. Não há espaço para debate científico nas reuniões, as cartas já estão marcadas. A maioria dos integrantes da CTNBio tem vínculos com empresas”. Para Brack, a agricultura convencional hoje se tornou disfuncional pois não respeita princípios ecológicos básicos. “A lógica é aumentar o consumo dos agrotóxicos”, assinalou o biólogo, que apresentou um gráfico que atesta esse crescimento.
 
Em 2005, quando foi a aprovada a Lei de Biossegurança  11.105, que impulsionou a liberação de transgênicos no país, o consumo de agrotóxicos no Brasil estava na casa dos 700 milhões de litros/ano. Em 2011, seis anos apenas depois, já estava na casa dos 853 milhões de litros/ano.
Em 2005, quando foi a aprovada a Lei de Biossegurança 11.105, que impulsionou a liberação de transgênicos no país, o consumo de agrotóxicos no Brasil estava na casa dos 700 milhões de litros/ano. Em 2011, seis anos apenas depois, já estava na casa dos 853 milhões de litros/ano.

 
Em 2005, quando foi a aprovada a Lei de Biossegurança 11.105, que impulsionou a liberação de transgênicos no país, o consumo de agrotóxicos no Brasil estava na casa dos 700 milhões de litros/ano. Em 2011, seis anos apenas depois, já estava na casa dos 853 milhões de litros/ano. Em 2013, as estimativas apontam para um consumo superior a um bilhão de litros/ano, uma cota per capita de aproximadamente 5 litros por habitante. O Brasil consome hoje pelo menos 14 agrotóxicos que são proibidos em outros países do mundo.

Fonte
 
 

sexta-feira, 20 de março de 2015

Descubra os perigos de reutilizar sua garrafinha de água

Mesmo sendo um hábito ambientalmente correto, reutilizar sua garrafinha de água pode trazer danos à sua saúde
  
 


Garrafas de plástico são um grande problema ambiental. Elas são feitas do petróleo, que é uma fonte não renovável, requerem energia para sua produção e distribuição, e acabam contaminando o meio ambiente devido ao fato de grande parte delas não ser direcionada à reciclagem. Ou seja, o destino final acaba sendo lixões, aterros e mares, com péssimas consequências ambientais.

Pensando assim, já que eu utilizei uma garrafa de água, por que não reabastecê-la e usá-la novamente? Afinal, não seria necessária a energia para sua reciclagem e nem poluiria o meio ambiente, certo?

Primeiramente, se você pensa assim, parabéns! O mundo precisa de mais pessoas como você (mas não esqueça que você deve evitar o hábito de comprar a garrafa - há outras opções, como veremos adiante). No entanto, infelizmente essa não é uma solução muito boa para esse problema. Essas garrafas de plástico não são próprias para serem reutilizadas, tanto é que até mesmo seus fabricantes recomendam seu descarte após o uso.

Um dos principais problemas da reutilização dessas garrafas é a contaminação bacteriana. Afinal, as garrafas são um ambiente úmido, fechado e com grande contato com a boca e com as mãos, ou seja, um local perfeito para as bactérias se procriarem. Um estudo realizado a partir de 75 amostras de água das garrafas que alunos do ensino básico utilizaram durante meses, sem jamais as lavarem, descobriu que cerca de dois terços das amostras apresentavam níveis bacterianos acima dos padrões recomendados. A quantidade de coliformes fecais (bactérias provenientes das fezes dos mamíferos) foram identificadas acima do limite recomendado em dez amostras das 75 estudadas. As garrafas não lavadas funcionam como criadouro perfeito de bactérias, afirma Cathy Ryan, uma das responsáveis pelo estudo.

Ah! Então, sem problemas, basta eu lavar minha garrafa d'água que não tem erro! :)

Bem, existe outro problema relacionado a essas garrafas: é o Bisfenol A (BPA), um composto utilizado na produção de plásticos e resinas, que é encontrado principalmente nos plásticos que são fabricados com policarbonato, com o símbolo de reciclagem 7 na embalagem. Um estudo realizado pela Universidade de Harvard, nos EUA, colocou um grupo de pessoas utilizando garrafas plásticas com esse material por uma semana e encontrou um aumento dos níveis de BPA na urina em cerca de 60%. Outro estudo da Universidade de Cincinnati descobriu que ao lavar as garrafas com água quente, o processo de lixiviação foi acelerado, ou seja, o BPA se desprendia mais facilmente do material plástico.
 
As garrafas com símbolo de reciclagem 1 na embalagem (as PET) também apresentam problemas, posto que podem contaminar a água com outras substâncias de desregulação endócrina e químicos estrogênicos que causam problemas hormonais, como foi identificado por um estudo de 2010.

Opções
Procure garrafas de vidro ou de aço inoxidável para reutilizar, pois, além de ajudar o meio ambiente ao eliminar a necessidade de grandes quantidades de garrafas plásticas, você também estará evitando problemas de saúde. Caso você queira ou realmente precise de uma garrafa de plástico, as mais recomendadas são as de polipropileno, que geralmente possuem uma aparência branca. Um cuidado necessário com todos os tipos de garrafas é o fato de mantê-las limpas a fim de minimizar a contaminação bacteriana, lavá-las e permitir que elas sequem antes de seu reuso.
  
Quanto às garrafas plásticas, procure realizar sua reciclagem de forma correta, mas evite-as ao máximo.Verifique qual o tipo de plástico ela é feita, facilitando assim o seu descarte seletivo.


 

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